30/03/2016

URZE




 Deus tinha criado a Escócia mas achava os montes muito despidos. Perguntou ao carvalho se queria povoá-los. O carvalho recusou por não ter espaço para as suas raízes. A madressilva e a rosa também o fizeram. Então, já desanimado, Deus viu uma pequena flor que não se importou de aceder ao Seu pedido.
 Como recompensa, Deus deu-lhe a força do carvalho, a doçura da madressilva e o perfume da rosa.

  Podia ter acontecido em Trás os Montes.

29/03/2016

A FELICIDADE DOS LIVROS

   


  Nestes dias talvez tenhamos mais algum tempo para ler. Sobre livros e leitura, a opinião de Pedro Mexia, no livro Lei seca.

  Ontem à noite, esvaziando caixotes, senti inesperadamente a felicidade dos livros. Uma felicidade que não se esgota em lê-los nem em tocar neles, mas exige ambas as dimensões, intelectual e táctil. Gosto de vê-los assim, arrumados ou desarrumados, o volume dos volumes em várias salas, parede acima, simétricos e exactos. Gosto de lhes encontrar o sítio, de ir folheando, tocando, lendo, perdido no impecável caos dos livros.

UMA CERTA TENDÊNCIA
   Trollope disse uma vewz que se orgulhava da sua biblioteca de cinco mil volumes, dos seus cavalos favoritos, dos bons vinhos que guardava na garrafeira e daquilo a que chamou «uma certa tendência para desaparecer».
   Eu não possuo estábulos nem licores requintados, mas gosto de ficar em casa no contentamento dos livros, e também já não dispenso «uma certa tendência para desaparecer», tanto metafórica como literal. Mas não é orgulho: é necessidade.    

28/03/2016

CENSURA

 Como aqui já foi referenciado, a censura não permitia que fossem transmitidas informações sobre a Guerra, sendo a correspondência dos militares previamente lida.



  Pela Lei nº 495 (28 de março 1916) os periódicos e outras publicações periódicas passam a estar submetidos à censura prévia, enquanto durar o estado de guerra. Os jornais passariam a ostentar, em espaço branco, as partes do texto cortadas pela censura. (Fundação Mário Soares)

27/03/2016

O CZAR, OS OVOS E FABERGÉ

 Peter Carl Fabergé (1846-1920) foi um dos mais reputados joalheiros de todos os tempos. 



  De entre todas as maravilhas que saíram da sua oficina, as encomendas dos czars destacam-se, principalmente os famosíssimos Ovos Imperiais, criados  entre 1885 e 1917, por encomenda de Alexandre III e Nicolau II, os mais famosos, como prendas para as czarinas e para as mães, na Páscoa. Sabe-se que já estavam a ser desenhados mais dois para 1918, mas a Revolução Russa pôs fim a esta "tradição".
 Dos 50 ovos produzidos, apenas se sabe o paradeiro de 43.  O primeiro ovo, Hen Egg, foi dado a Maria Fedorovna, em 1885.


  Neste pequeno vídeo podemos ver alguns dos ovos de Fabergé e o seu interior. 


   Se quiserem continuar a ver estas maravilhas, com o nome em inglês e fotografias dos que desapareceram, acedam aqui às imagens.

  Nós temos de ser muito mais modestos nos nossos votos de Boa Páscoa.

Postal alemão com movimento (coleção particular)

26/03/2016

O COELHO E OVOS



  Na Páscoa, cozer ovos, que irão ser dados à crianças, com ervas para dar uma cor diferente à casca é uma tradição secular, em Portugal. Não sabemos a sua origem, mas, certamente, não será muito diferente de outras de outros países. 
  Uma das lendas fala-nos de uma mulher pobre que coloriu ovos para dar aos filhos na Páscoa. Quando as crianças andavam à procura, passou um coelho,  o que levou as crianças a pensarem que os ovos tinham sido trazidos pelo coelho.
  A mais antiga referência conhecida a este costume é da autoria de Georg Franck von Franckenau, em De ovis paschalibus, de 1682.
  Claro que a publicidade e o comércio tomaram conta dos ovos de Páscoa, mas se quiserem ovos coloridos como os antigos, aqui estão algumas receitas: Sapo Lifestyle, Experiências com ovos, Nosmulheres,  A nossa vida.

25/03/2016

JESUS CHRIST SUPERSTAR

  Andrew Llloyd Webber e Tim Rice, em 1970,  editaram uma das mais famosas óperas rock de sempre. 

 Na Broadway, Jesus Christ Superstar estreia-se no ano seguinte e, pouco depois em Londres, onde se vai manter durante anos e anos. Norman Jewison vai realizar, dois anos depois, o filme com o mesmo nome que retrata a semana que Cristo viveu antes da Crucificação.
  A presentamos algumas passagens do filme - o encontro com Herodes, o Jardim das Oliveiras, A Última Ceia e Judas.








24/03/2016

A RAZÃO DE UMA DATA


   Este ano, comemora-se a Páscoa no dia 27 de março. Porquê neste dia? Por causa da lua cheia. A data da primeira lua cheia, a partir do equinócio da Primavera, vai determinar um conjunto de feriados religiosos.
  A Páscoa celebra-se, então, no primeiro domingo depois da já referida lua cheia. 47 dias antes, tem lugar o Carnaval.
  A Quaresma é o período de 40 dias que vai da Quarta-feira de Cinzas ao Domingo de Ramos.
  O Corpo de Deus, que volta a ser feriado, ocorre 60 dias depois da Páscoa, sempre numa quinta-feira, como se sabe.
 

23/03/2016

O SENHOR 5 POR CENTO

 A 23 de março de 1869, em Constantinopla, nascia o Homem a quem Portugal muito deve, que se tornou o seu maior benfeitor e mecenas de sempre, Calouste Gulbenkian.


 Aos 15 anos foi para Marselha para frequentar uma escola francesa. Em 1895 começou a atividade profissional ligada ao petróleo o que lhe permitiu angariar uma enorme fortuna. O gosto pela arte, em todas as suas formas, e a fortuna que possuía permitiram-lhe construir uma notável coleção de arte que mantinha na casa de Paria, na Avenida d' Iéna.
 No ano de 1942, Gulbenkian deixa a França e instala-se no mais luxuoso hotel de Lisboa, o Avis, onde reside até à sua morte, em 1955. Em Lisboa, conhece o advogado José Azeredo Perdigão que o ajudou a redigir o testamento e a criar a Fundação com o seu nome que irá herdar toda a coleção de arte e uma grande parte da sua fortuna.
  Graças à sua persistência, capacidade negocial (... )o resto do mundo conhecia-o simplesmente como "Senhor Cinco por cento", um dos homens mais ricos do mundo.
 
Fundação Calouste Gulbenkian

22/03/2016

ADÓNIS E A ANÉMONA

  Neste começo de Primavera, recordamos uma lenda sobre a origem da anémona.

 
     Segundo a Mitologia, o belo Adónis,  filho de Afrodite, foi entregue a Perséfone para o criar. Mais tarde, esta deusa recusou entregá-lo à mãe, pelo que Zeus teve de resolver a contenda, decretando que Adónis passaria um terço do ano com cada uma das deusas. Como gostava mais de Afrodite, passava dois terços com ela, o que levou ao mito do ciclo da vegetação. Quando estava com Perséfone, no mundo subterrâneo, era como as sementes que se desenvolvem debaixo da terra. Com Afrodite, vivia no reino da luz e da vegetação.
  Um dia, foi ferido mortalmente por um javali, sendo muito chorado pela mãe. De cada lágrima, nasceu uma rosa e, de cada gota de sangue, nasceu uma anémona.

21/03/2016

POESIA



  Se quando a hipocrisia
  Cair do seu pedestal,
  Nascerá, dia após dia,
  Um sol p´ra todos igual.

  Talvez paz no mundo houvesse,
  Embora tal não pareça,
  Se o coração não estivesse
  Tão distante da cabeça.

  Q' remos ... e não compreendemos
  Que não nos pertence o vosso;
  Q' remos sempre o que não temos
  Porque o que temos é nosso.

  Anda, a galope ou a trote,
  Uma besta à chicotada,
  Mas de homem a chicote
  Ninguém pode fazer nada.

António Aleixo 

20/03/2016

PRIMAVERAS

  A Primavera chegou às 4.30. Vem cinzentita, mas com ela vem a renovação, os dias maiores.
  Sempre foi celebrada. Na música, com Vivaldi e Stravinsky, por exemplo:




 Na pintura, com Botticelli, Poussin, Sisley, Van Gogh.




 






  A Primavera, como renovação e esperança, foi usada em termos políticos, em várias ocasiões, como a Primavera de Praga e a Primavera Marcelista que, curiosamente, chegaram no mesmo ano, 1968.
  A primeira deveu-se a Alexander Dubcek, líder do Partido Comunista Checoslovaco que, a 5 de abril de 1968, apresentou as reformas que contrariavam as normativas da União Soviética, permitindo a liberdade de imprensa, a independência judicial e a tolerância religiosa. Toda a euforia desta Primavera terminou, tragicamente, a 21 de agosto, com a invasão do país por tropas russas. Jan Palach personificou esta luta quando se imolou pelo fogo. Milan Kundera escreve sobre esta luta em A insustentável leveza do ser. (A BE empresta)


  Depois de anos de salazarismo, com a nomeação de Marcelo Caetano para Presidente do Conselho de Ministros, a 27 de setembro de 1968, o país acreditou numa renovação, evolução na continuidade, numa certa abertura - a PIDE mudou de nome, a oposição pode concorrer às eleições de 1969 e, semanalmente, aparecia na RTP a explicar as suas ideias, nas famosas Conversas em família. Depois da crise de Coimbra, em 1969, de algumas greves, da intensificação da guerra colonial, esta Primavera também acabou. 


Boa Primavera!

19/03/2016

PAI



   Pai, estou em frente ao espelho.
  Relembro-te um momento em que estavas de cócoras ao meu lado e me ajudavas a montar um lego, tendo de te agradecer isso, de te debruçares sobre as minhas brincadeiras, cresci com a tua sombra. Tenho de agradecer-te o hálito a cefé pela manhã, quando me acordavas para ir para a escola, e, claro, o primeiro after-shave que me deste, depois de rapar o buço incipiente que me pautava o lábio superior. Pai, ainda uso a mesma marca, não consigo imaginar outra, se a fábrica deixar de os produzir desisto de fazer a barba. Tenho de te agradecer o primeiro jogo do Sporting que vi no estádio de Alvalade, o Manuel Fernandes, o Oliveira, o Damas, mas acima de tudo o facto de gritares golo como se reclamasses a eternidade, nunca esquecerei da tua voz a fazê-lo, era a única que ouvia no delírio, era o grito que eu seguiria como se fosse o Messias, eu, com sete anos a correr atrás da revelação, da religião, da vida eterna que era uma palavra de quatro letras, como o impronunciável nome de Deus era para os judeus. (...) 
  Tenho de agradecer-te, pai, o modo como sorrias quando eu chegava a casa e te abraçava, confuso pela tua presença breve, delicada, como uma brisa. Se um dia vier a acreditar em Deus, não quero relâmpagos e trovões, quero um sorriso delicado como aquele que aparecia no teu rosto. O mundo, quer-me parecer, é muito mais um sorriso ou uma flor a abanar ao vento ou um grand canyon. (...)
  Mas encontrar-nos-emos aqui no espelho, ou num golo do Sporting, em quatro letras.
  Até já.

  Excerto de Flores, de Afonso Cruz, que a BE empresta. 

18/03/2016

AS MÃOS DE MANUEL ALEGRE



Com mãos se faz a paz se faz a guerra
Com mãos tudo se faz e se desfaz
Com mãos se faz o poema ─ e são de terra.
Com mãos se faz a guerra ─ e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.


  O canto e as armas

  A Associação Portuguesa de Escritores atribuiu a Manuel Alegre o Prémio Vida Literária 2015/2016

17/03/2016

DA LEITURA SE FAZ LUZ

  Falar de livros e do gosto pela leitura é sempre um prazer. Ter uma assistência interessada e participativa, ainda melhor.
 As turmas dos 8º A e B recordaram algumas histórias populares, livros da sua infância, banda desenhada, Uma aventura...


  Ficaram a saber que a leitura tem de nos dar prazer, tem de nos ajudar a esquecer situações mais difíceis.
  Conheceram outros autores, livros que podem requisitar na BE. Vão ser todos leitores regulares? Certamente, não. Mas alguma coisa nova os interessou. Foi apenas uma semente.
  As fotografias estão aqui.

16/03/2016

À LUZ DOS SISMOS

  À LUZ DOS SISMOS levou os 7º anos a viajar pela História, pela Literatura, pela Música, pela Arquitetura. Ficámos a conhecer o catavento dos terramotos e o seu criador, Zhang Heng


  Lemos excertos de Lillias Fraser, de Hélia Correia, falámos de Eugénio dos Santos e da sua "gaiola", conhecemos a Real Barraca da Ajuda, recordámos os sismos de 1969, e a censura que foi exercida com a ocultação do número das vítimas, o de 1980, nos Açores, e a reconstrução de Angra do Heroismo. 
 A tudo isto, juntámos a Peste Negra, Hieronimus Bosch, Telemann, Woodstock, Coimbra, facebook, o Euro 2004...
 Fez-se luz. Não sabem como? A BE explicou e pode voltar a explicar.

15/03/2016

ET TU, BRUTE?

  Até tu, Brutus?, ou Tu quoque, Brute, fili mi? Foram as últimas palavras proferidas pelo Imperador Júlio César, antes de ser apunhalado por Marco Brutus, seu protegido.


 Não sabemos se foram exatamente essas as palavras, mas, William Shakespeare imortalizou-as na sua peça Júlio César.
  No dia 15 de março de 44 a.C., ao reconhecer quem o atacava, proferiu esta frase que, segundo algumas fontes, poderá significar surpresa, ou ser uma maldição, prenúncio de uma morte idêntica para Brutus.
 Júlio César é uma das personagens que mais surge nos álbuns do Asterix, aparecendo o seu nome em três títulos.

 


 

  A sua morte foi, certamente, chorada, ou pelo menos, lamentada por Cleópatra, uma das paixões do Imperador, ela que, também, sofreu com uma morte invulgar.
  
 Para saberes mais,requisita estes livros na BE.

14/03/2016

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

 Há dias, as turmas do 7ºC, 8ºB e 10ºA  competiram nos Energy games. Esta atividade de promoção e sensibilização para a eficiência energética é promovida pela ADENE e pela DGGE, numa parceria com a AREA Alto Minho.
 E assim, Faz-se luz!, mais uma vez.





 

13/03/2016

LER

   



  Rentes de Carvalho, no seu Tempo contado, escreveu um artigo, que aconselhamos a ler na íntegra, sobre uma forma de censura que por aí anda, de onde retirámos esta frase sobre a leitura:
 Porque ler implica pensar, emocionar, sentir, dispor de tempo, actividades que pressupõem um nível de existência que nem a todos é dado, mas também de que muito desdenham ou desconfiam, pois não tem som, nem cores, não dá fama, nem proveito imediato.

12/03/2016

IMAGENS DE UMA MARCA

 A primeira garrafa de Coca Cola foi vendida, em Vicksbur, Mississipi, no di 12 de março de 1894. 
 A  publicidade à marca foi/é intensa. Artistas, como Andy Warhol recriaram-na







11/03/2016

DE PEQUENINO...

 Ontem, estivemos na EB1 de Vila Franca a falar de livros e da sua colocação numa biblioteca.
 Uma assistência interessada foi vendo as imagens e ouvindo as explicações dadas, seguida de uma visita à Biblioteca com uma pequena demonstração prática para os alunos mais velhos.


 

10/03/2016

QUEM FALA?


  Mr. Watson, come here, I want to see you.
  Com esta frase, Alexander Graham Bell fez a primeira chamada telefónica. Do outro lado da linha, o seu assistente Tom Watson. A data, 10 de março de 1876.

09/03/2016

RECORDAÇÕES

 No dia 9 de março de 1916, a Alemanha declarou guerra a Portugal. Foi apenas o começo. Do que se seguiu, ficaram estas recordações. Reparem que não é mencionado o sítio exacto de onde são enviados. A censura não o permitia, assim como não permitia que se escrevesse sobre a situação real. Por essa razão, muita correspondência ficou retida, sem ser entregue aos destinatários.
 Estes postais são enviados de France, ou apenas com em campanha.












(Coleção particular)