30/09/2014

MAFALDA, A CONTESTATÁRIA


  
   Há 50 anos, Quino criou uma personagem impagável, Mafalda, uma menina que fazia muitas perguntas, causava dores de cabeça aos adultos e dava respostas ainda mais improváveis. Os amigos eram o Manelinho, cuja única preocupação era o dinheiro e o lucro da mercearia do pai, e Susaninha que poderíamos dizer que andava a treinar para ser uma "tia".

  Luís Afonso, também ele um excelente criador de banda desenhada, também ele um contestatário, na revista Visão, nº 1125, 25 de setembro, caracterizava assim estas personagens:
 À exceção de Mafalda, as outras personagens correspondem, mais ou menos, a padrões identificáveis. Todos conhecemos um Filipe, uma Susaninha ou um Manelinho. O Manelinho personifica o materialismo puro, alguém que olha o mundo apenas na perspectiva do dinheiro. Como todo o resto não tem interesse para ele, é muito ignorante. Acaba por ser irónico, mas os Manelinhos são hoje os governantes deste mundo. A Mafalda não imaginaria um mundo assim. 
    (O negrito está no original)

    Como se vê, Mafalda continua muito atual. Mafalda espera por uma leitura, ou (re)leitura. A BE empresta.

29/09/2014

BANCO DE JARDIM


  Há tempos, em Bancos de jardim, falámos do bom costume anglo-saxão de homenagear as pessoas oferecendo bancos para jardins.
  Este sábado, o Expresso, em O guardião da memória de Freud, noticia que Alexandre Bento, natural de Arruda dos Vinhos, vai ser homenageado, em Londres, na próxima 3ª feira, com o descerramento de uma placa num banco do jardim do Museu Freud, onde se lê:
    
     In loving memory of Alex Bento, 1948-2014.

  Segundo o filho do homenageado, o pai era chefe de segurança, chefe de manutenção, jardineiro e anfitrião de milhares de turistas que diariamente visitam o museu.
   Uma bonita homenagem.

28/09/2014

OUTONO


   O Outono, quando os dias ainda estão de sol, é uma época muito agradável e com um colorido fantástico. Os tons amarelos e castanhos enchem-nos os olhos e trazem-nos a calma, depois do bulício do Verão.
  Van Gogh retratou-o assim:


  e Nat King Cole cantou as folhas de Outono (Autumn leaves), na versão americana para Les feuilles mortes, de Jacques Prévert, cantada por Yves Montand.


27/09/2014

PATRIMÓNIO

       Para quem gosta de azulejos e gosta de Viana do Castelo, não pode deixar de aproveitar estas Jornadas do Património, amanhã, com início na Igreja do Carmo, às 15.30 horas. O circuito é orientado pelo Dr. Francisco Fernandes Carneiro.


26/09/2014

PAPÉIS



  No que se tornou o nosso dia-a-dia e nos faz ficar exaustos e sem vontade de blogar, agora em formato digital...

25/09/2014

SONAR

 Quando, em 1912, o Titanic se afundou, Paul Langevin começou a interessar-se pela utilização das ondas sonoras para encontrar objetos ocultos, que poderiam ter localizado o icebergue onde o navio embateu. Assim nasceu o SONAR - SOund NAvigation and RAging. Este aparelho permite detetar navios afundados, cardumes, baleias e submarinos.



  Esta e outras curiosidades podem ser encontradas em O desatino dos barulhos, de Nick Arnold, que a BE empresta.

24/09/2014

HOMENAGEM...



...a um Amigo que amava o mar, a música e a leitura.
   
   Quando eu morrer voltarei para buscar
   Os instantes que não vivi junto do mar.


Sophia de Mello Breyner Andresen

23/09/2014

LINDA INÊS II

  Gonçalo M. Tavares, no livro já aqui referido, Viagem à Índia, Inês chama-se Mary e está apaixonada por Bloom e é assim descrita a sua morte:

   116
    Voltemos, porém, à minha família
    onde as histórias de amor abundam.
    Famosa entre nós ficou uma mulher,
    de pais nada considerados pela parte pedante dos Bloom,
    que foi muito e muito amada por mim.
    Chamava-se Mary, foi assassinada.

     (...)
    118
    Mary, além de tranquila, utilizava a memória,
    não para recordar informações inúteis
    mas para se recordar de mim quando estava longe;
    Bloom, o homem que ela amava.
    Mary era uma mulher linda, mas a visão engana,
    parece eterna e não é.
    E talvez eu exagere - quem sabe? -
    e Mary não fosse tão extraordinária.

    (...)
    
    174
    (...)
    Eu amava uma mulher chamada Mary
    - disse Bloom ao parisiense Jean M -
    e o meu próprio pai mandou matá-la.
    Eis a minha história. Síntese, síntese. E eis tudo.
    

22/09/2014

LINDA INÊS

  Estavas, linda Inês, posta em sossego

    Assim começa um dos mais belos episódios de Os Lusíadas, canto III, e da História de Portugal, mas também um dos mais trágicos.
 Inês de Castro vivia, então, em Coimbra, com os filhos, fruto do seu Amor por D. Pedro, contrariado por D. Afonso IV. O desenrolar da história é sobejamente conhecido - D. Inês é morta, D. Pedro persegue os assassinos e elimina-os cruelmente. Sobre a trasladação do corpo de D. Inês para Alcobaça, a História e a lenda misturam-se, aliás, como em todo este episódio.


Túmulo em Alcobaça

     Para além de Os Lusíadas, podemos recordar Inês de Castro e D. Pedro, em filmes e, entre inúmeras outras, nas obras:





   O marketing e o turismo aproveitam, mais do que nunca, este Amor, Coimbra, a Fonte dos Amores, aqui descrita por Camões

       As filhas do Mondego a morte escura 
       Longo tempo chorando memoraram,
       E, por memória eterna, em fonte pura
       As lágrimas choradas transformaram.
       O nome lhe puseram, que inda dura,
       Dos amores de Inês, que ali passaram.
       Vede que fresca fonte rega as flores,
       Que lágrimas são a água e o nome Amores


   e a Quinta das Lágrimas.

21/09/2014

MANUAIS ESCOLARES

  Todos os anos, em setembro, se discute o preço dos livros escolares e o seu período de adoção. Não vamos entrar nessa discussão. Vamos sim lembrar como era o manual de Português do antigo 1º ano, atual 5º, nos anos 60.
  Livro de capa dura, verde, com o título bem apelativo - A nossa Pátria - a preto e branco, com pouquíssimas ilustrações. Custava 16$00 (menos de 1 cêntimo).



   Textos longos defensores da ideologia da época, cheio de heróis exemplares que castigaram os maus, contos populares e histórias moralizantes.
   Não resistimos a transcrever um dos poemas:
    QUARENTA OU POUCO MAIS

       Quarenta ou pouco mais,
       Mas todos tais e quais
       Tinham sido os Albuquerques e os Castros!
       Quarenta que na abóbada da História,
       Nimbados de glória,
       Reluzem como astros!

       Eles foram em romagem
       Na madrugada fria
       Ao túmulo da Pátria
       E arrancaram a pedra que cobria
       O enorme gigante amortalhado.
       Despiram-no da insólita roupagem,
       Vestiram-lhe a armadura do Passado,
       Deram-lhe sangue e amor...
       E o velho Portugal ressuscitado,
       O velho Pioneiro,
       Fez-se naquela manhã de nevoeiro
       Um Portugal liberto, um Portugal Maior!
Maurício Queirós, História Linda de Portugal

       
      Ficámos traumatizados? Não. Mas, caramba, só tínhamos 10 anos...
      

20/09/2014

POIROT

 
David Suchet, interpreta Poirot

 Hercule Poirot, o elegante, metódico, requintado, cheio de celulazinhas cinzentas detetive belga, foi criado pela admirável Agatha Christie, em 1921.
  Sophie Hannah vai recriar esta personagem em Os crimes do monograma, que, brevemente, será publicado. Teremos o mesmo detetive de O crime do Expresso do Oriente ou A morte no Nilo, entre outros? Veremos.
   Logo que chegue à BE, avisaremos.
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,escritora-inglesa-vai-criar-nova-historia-para-hercule-poirot,1071288
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19/09/2014

O QUE EU QUERO SER...

  Os mais novos já tiveram a primeira formação na BE. Ao vê-los, sorridentes, com todo um futuro à frente, lembramo-nos de um poema de José Jorge Letria:

   Eu cá quero ser tudo
   futebolista e arquitecto
   actor de cinema mundo
   é preciso é que dê certo.

   No fundo o que eu quero
   é ser grande e bem depressa
   porque isto de crescer
   não pode ser só conversa.

   Quero ser grande em altura
   sem ter projecto nenhum
   e quem sabe se hei-de ser
   piloto de Fórmula Um?

   Também quero ser marinheiro,
   alpinista e domador
   herói de banda desenhada,
   pirata e aviador.

   Quero ser de tudo um pouco
   pois tenho imaginação
   para acreditar que acordo
   com o mundo na palma da mão.

   No fundo, quando eu for grande
   sem que isso seja um insulto
   o que eu acho que vou ser
   afinal é mesmo adulto.
   

18/09/2014

VISITA

  Há visitas que salvam um dia de chuva intensa e o tornam glorioso. Ontem, foi um desses dias - tivemos a rara e agradabilíssima surpresa da visita do Sr. Lopes. Com a sua timidez, um sorriso rasgado e a sua bonomia, o Sr. Lopes regressou, por momentos, a esta Escola que tanto lhe deve. 
  Bem junto de si, guardava zeloso e, certamente, com muito orgulho o seu cartão de identificação, que foi desviado, surrepticiamente, para ser digitalizado para aqui ser apresentado...
  

  Para quem cá está há muitos anos, ainda se sente uma certa nostalgia da C+S e de quanto nos divertíamos... As partidas de Carnaval, a procissão, o passeio que não estava no regulamento camarário, as experiências de som, o "hipovalente", as saídas com o P. José Luís... (Desculpem os que nada disto percebem, mas não podemos perder a oportunidade de recordar.)

  Para quem não conhece este Senhor, podemos dizer que foi quem manteve o jardim da Escola um brinquinho durante anos e criou a estufa.
  Para ele, um enorme abraço e um pedido - volte. Houve muitos que tiveram pena de não o terem encontrado.

17/09/2014

A SOMBRA DO VENTO


  - É verdade que nunca leste um destes livros;
 - Os livros são aborrecidos.
 - Os livros são espelhos: só se reflecte neles o que cada um tem dentro de si - replicou Julián.

  - Se pensa que estou a dizer um disparate, calo-me.
  - Pelo contrário. Os tontos falam; os cobardes calam-se; os sábios ouvem.

  Recomendação: ler esta obra de Carlos Ruiz Zafón.             A BE empresta.

16/09/2014

FAZ-SE LUZ

   O projeto para este ano letivo tem como tema a LUZ que vai ser tratada por diferentes perspetivas.
   Hoje apresentamo-la através dos olhos de Vermeer e do seu quadro A leiteira.


  Wislava Szymborska, Prémio Nobel da Literatura em 1996,  três séculos depois, vê assim este quadro:

    Enquanto esta mulher do Rijksmuseum,
    em quietude pintada e concentração,
    dia após dia, verter o leite
    do jarro para a vasilha,
    o Mundo não merece
    o fim do mundo.

 É esta ligação entre artes, disciplinas, ideias, épocas que pretendemos que possamos dizer FAZ-SE LUZ...

  Nota: outro quadro de Vermeer, Rapariga com brinco de pérola, também com uma genial luminosidade, originou um livro e um filme belíssimo. Podem ser requisitados na BE.


15/09/2014

A ENCOMENDINHA

. E ouviu-se então a voz da Helena dizer para o senhor professor, um de óculos e cara rapada, falripas brancas por baixo do lenço vermelho, atado em nó sobre a testa:
 – Muito bons-dias. Lá de casa mandam dizer que aqui está a encomendinha.
  Oh! Oh! A encomendinha era eu, que ia pela primeira vez à escola. Ali estava a encomendinha!
 – Está bem, que fica entregue. E lá em casa como vão?
Trindade Coelho, Os meus amores

 
 As nossas encomendinhas chegam hoje. 
 Um novo mundo começa para os mais novos. Os que já cá andam têm de continuar um caminho seguro, com trabalho e muita vontade de serem os melhores.
 Estamos aqui para lhes dar as boas-vindas.
 Estamos aqui para os ajudar.

14/09/2014

JÚLIO DINIS

   
 Júlio Dinis (1839-1871), pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, não escreveu com a genialidade de Camilo Castelo Branco ou de Eça de Queirós.  Contudo, a sua curta obra - a pneumonia venceu-o - está carregada de descrições fabulosas e de personagens que ainda hoje são conhecidas por todos, mesmo por aqueles que nunca o leram.
  A Morgadinha dos Canaviais (MC), Uma família inglesa (FI), As pupilas do Senhor Reitor (PSR) ou Os fidalgos da Casa Mourisca (FCM) são alguns dos títulos da sua obra que nos apresentam figuras ímpares, de uma sociedade rural, com a excepção de Uma família inglesa, que tudo cura. Nos seus textos, podemos encontrar retratos de um séc. XIX - a proibição de enterrar os mortos nas igrejas (MC), a construção de novas estradas (MC), os brasileiros, o ambiente campestre, o analfabetismo (MC), uma nova sociedade em crescimento (PSR e FCM).
   A figura mais conhecida que criou, foi, sem qualquer dúvida, João Semana (PSR) que ainda perdura. Mas não nos podemos esquecer do comerciante burguês, personalizado no Sr. Richard Whitestone (FI), o político que procura votos e faz promessas, como o Conselheiro (MC), o cacique local - Joãozinho das Perdizes (MC) , um percursor dos ecologistas - Tio Vicente (MC), lavradores honrados - Tomé da Póvoa (FCM) e José das Dornas (MC) e um sem número de figuras femininas que, pela sua bondade, carácter e persistência acabam por conseguir atingir os seus objectivos - Madalena(MC), Jenny (FI), Berta (FCM) e Margarida(PSR). Não podemos esquecer os "galãs" que acabam caçados... - Henrique de Souselas (MC), Daniel (PSR) e Carlos (FI).
  Eça de Queirós, um pouco sarcasticamente, dele disse: Viveu de leve, escreveu de leve e morreu de leve!
   Vale a pena lê-lo e relê-lo.
    A BE empresta. 

Casa museu Júlio Dinis - Ovar

13/09/2014

TOLSTOI



 Leon Tolstoi, o grande escritor russo, teria, há dias, completado 186 anos. Autor, entre muitos outros textos,  de dois fantásticos e monumentais romances - Guerra e paz e Ana Karenina, é retratado por sua mulher Sofia, numa obra já publicada em Portugal - Diários. Nela, é-nos contada toda


a vida familiar do escritor e de como é dificílimo viver com um génio.
 Vale a pena guardar umas férias para a leitura dos dois romances, e ir lendo, dia a dia, o relato pormenorizado de uma mulher que era todo o suporte de um artista.

12/09/2014

REGRESSO

   
O silêncio dos livros

  Neste dia de regresso para os mais novos, a Biblioteca quer dar-lhes as boas-vindas. Nela encontrarão um espaço calmo, que lhes proporcionará bons momentos.
  Os Pais poderão encontrar, aqui, na Notícias Magazine de domingo passado, da página 45 à 50, alguns bons conselhos para os ajudar a enfrentar esta nova etapa.
  A BE cá estará para receber toda a Família.

11/09/2014

11 de SETEMBRO

  Há 13 anos estávamos na Escola. Há 13 anos um televisor, no polivalente, transmitia imagens que nos pareciam irreais. Há 13 anos, assistimos quase em directo ao 2º avião a bater nas Torres Gémeas. Há 13 anos, o impensável estava a acontecer.
 Nunca o esqueceremos. Infelizmente, as pessoas não aprenderam nada. O mundo não ficou melhor. Antes pelo contrário.


10/09/2014

ESTÃO VERDES...

  


  Esopo, La Fontaine e outros conheciam bem a fauna humana... Por isso, criaram, recriaram, traduziram algumas fábulas. Para este começo de ano, esta versão de La Fontaine:


     Certa raposa matreira,
     que andava à toa e faminta,
     ao passar por uma quinta,
     viu no alto da parreira
     um cacho de uvas maduras,
     sumarentas e vermelhas.
     Ah, se as pudesse tragar!
     Mas lá naquelas alturas
     não as podia alcançar.
     Então falou despeitada:
     - Estão verdes essas uvas.
     Verdes não servem pra nada!

09/09/2014

O MUNDO


  Louis Armstrong cantou What a wonderful world, canção que foi repetida vezes sem conta por outros intérpretes. Num mundo que se está a revelar cada vez mais estranho, um pouco de beleza e boa música cai sempre bem.


   David Attenborough, conhecido  pelos seus programas para a BBC, criou este ternurento video, utilizando a letra da canção.
   Deliciem-se.




I see trees of green, red roses too 
I see them bloom for me and you 
And I think to myself what a wonderful world 

I see skies of blue and clouds of white 
The bright blessed day, the dark sacred night 
And I think to myself what a wonderful world 

The colors of the rainbow so pretty in the sky 
Are also on the faces of people going by 
I see friends shaking hands saying how do you do 
They're really saying I love you 

I hear babies crying, I watch them grow 
They'll learn much more than I'll never know 
And I think to myself what a wonderful world 
Yes I think to myself what a wonderful world

08/09/2014

CHUVA

  A chuva que caiu recordou o texto de Laborinho Lúcio, em O chamador.

  É COM CHUVA QUE MAIS GOSTO DE ESCREVER. Tenho uma mesa de jogo, de tampo verde e pernas que encolhem. Trago-a para junto da janela. Chamo as folhas brancas, o lápis, um ou outro livro. Tudo como dantes. Ainda hoje não consigo desligar a escrita do lápis. Já não escrevo a lápis. Mas preciso dele, ali, ao pé de mim. E afiado. Um estranho ritual. Solto as aparas para o cesto de verga, até que o bico se apresente aprumado. Depois pouso as folhas sobre a mesa, à minha frente. Deito o lápis a seu lado. Guardo a afiadeira no velho estojo que ajeito no canto esquerdo. Acomodo os livros, à direita, um sobre o outro. Cuidadosamente colocados ao acaso. Completado o cenário, dedico-me ao computador. Abro-o. Ligo-o. Espero que acorde. Guio rato e chego ao texto que me aguarda, desde a última visita.
  Ao entardecer, porque com chuva entardece mais cedo, acendo, à esquerda, um candeeiro de pé alto de serpentina e lâmpada de luz amarelada.
  É então a luz que me traz para dentro. Agora só ouço a chuva a bater nas vidraças. Com frio, a manta de lã, aos quadrados, que enrolo nos joelhos, vai a preceito com o lápis, o papel e o candeeiro de serpentina.
  Muitas vezes, olho para a rua, mais do que escrevo.

07/09/2014

LÍNGUA PORTUGUESA

Palavras retiradas de um jornal de hoje...

spa     rafting   golf resort    boom   soft opening   one-man 

show    chef    tee   buttermilk     health club   staff   light  

premium    fitting   wine bar   on line   plug-in   performance

background     playground     buyer/seller     


Depois queixem-se!

06/09/2014

PAÍS DOS PAPÉIS VELHOS



 O País dos Papéis Velhos, de localização incerta, onde todos os livros estúpidos alguma vez produzidos se encontram amontoados como folhas num bosque durante o Inverno. As pessoas do país cavam e vasculham nas pilhas para transformar os maus livros em livros ainda piores e sacodem-nos para guardar o pó, que depois vendem. Essa actividade proporciona bons proventos, sobretudo àqueles que se especializam em livros infantis e na ficção romântica moderna.
Charles Kingsley. The water-babies, in Dicionário dos lugares imaginários

05/09/2014

HELLO KITTY

Já nada é o que era. Já nada é o que parece.


Então a Hello Kitty não é uma gata? E aqueles bigodes?
Uma menina?
Andam a enganar-nos há 40 anos.

04/09/2014

PULSEIRAS



  Já aqui falámos das pulseiras de borracha que se tornaram moda. Segundo as notícias que têm sido publicadas, é muito importante escolher bem os materiais, pois alguns podem ser muito prejudiciais para a saúde. 
  Como noutros produtos, o barato pode vir a sair muito caro.

03/09/2014

LIVROS

  Ao procurar uma ilustração para o post de ontem, apareceram estas duas imagens muito elucidativas. A primeira apresenta os livros numa estante de uma forma pouco convencional, de acordo com as intenções de leitura e as impressões com que deles ficamos. Os lidos são em menor número...


   A segunda mostra-nos uma família de escritores e os possíveis títulos das suas obras.


02/09/2014

TSUNDOKU

  Será que nos estamos a tornar Tsundokus, ou a crise não o permite?
  Não, não tem nada a ver com o Sudoku. Não é um jogo. É o oposto de um passatempo. Estranho?
  Aqui encontra-se a resposta a todas estas interrogações. 


01/09/2014

REGRESSO


E contudo perdendo-te encontraste.
E nem deuses nem monstros nem tiranos
te puderam deter. A mim os oceanos.
E foste. E aproximaste.
Antes de ti o mar era mistério.
Tu mostraste que o mar era só mar.
Maior do que qualquer império
foi a aventura de partir e de chegar.
Mas já no mar quem fomos é estrangeiro
e já em Portugal estrangeiros somos.
Se em cada um de nós há ainda um marinheiro
vamos achar em Portugal quem nunca fomos.
De Calicute até Lisboa sobre o sal
e o Tempo. Porque é tempo de voltar
e de voltando achar em Portugal
esse país que se perdeu de mar em mar.

  Um bom regresso para todos. Que Manuel Alegre nos inspire, anime e que em cada um de nós haja um marinheiro.